Vinte comunidades do sertão do Cariri já podem se beneficiar dos oito novos sistemas de abastecimento de água instalados ao longo dos canais do Projeto de Integração do Rio São Francisco (PISF). O ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, inaugurou as estruturas durante cerimônia na Estação de Tratamento de Água de Palestina do Cariri, distrito da zona rural do município de Mauriti (CE). Foi lá que a comitiva do Caminho das Águas passou nesta segunda-feira (26), percorrendo a trilha do Projeto de Integração do São Francisco (PISF), passando pelos estados de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará.
Durante o evento, o ministro destacou que essa é uma das iniciativas de investimento para assegurar água para todos. “A inauguração desse sistema de Mauriti, bem como a recuperação da barragem de Quixabinha, fazem parte de todo esse investimento que o presidente Lula começou lá atrás, em 2007. O Ceará talvez seja o estado do Brasil que mais construiu resiliência ao longo da história, mas mesmo assim, eu tenho certeza que de Lula pra cá a história do Nordeste e do semiárido brasileiro mudou pra melhor”, ressaltou.
Ele também enfatizou o ponto alto da comitiva: a assinatura da ordem de serviço para duplicar a capacidade de bombeamento de água em todo o Eixo Norte do PISF, nas estações de bombeamento intermunicipais EBI1, em Cabrobó (PE), EBI2 em Terra Nova (PE) e EBI3 em Salgueiro (PE). “Então a gente tem que aumentar a infraestrutura, o bombeamento, cuidar da fonte, que é o Velho Chico, aí sim nós podemos ter mais água para pisar o pé no acelerador do desenvolvimento. Se tiver mais água, tem crédito, tem produção, tem geração de renda e têm desenvolvimento humano, social, econômico”, observou o ministro.
Localizados nos municípios de Mauriti, Penaforte, Jati e Barro, os oito sistemas de abastecimento atendem a mais de 12 mil pessoas e estavam previstos entre as medidas do Projeto Básico Ambiental (PBA) do PISF. O programa estabelece estratégias de compensação, monitoramento e redução dos impactos da construção da transposição para as populações que vivem próximas às áreas alagadas. A construção dos sistemas foi de responsabilidade do MIDR junto com o governo do Estado do Ceará, com custo de aproximadamente R$ 31,5 milhões.
Barragem de Quixabinha
Durante a cerimônia de inauguração, o ministro Waldez Góes também autorizou o secretário nacional de Segurança Hídrica, Giuseppe Vieira, a iniciar estudos técnicos na barragem do reservatório Quixabinha. A análise vai verificar de que forma as águas do Eixo Norte do PISF podem reforçar o abastecimento do reservatório, com o objetivo de atender comunidades agrícolas próximas, que dependem da água para irrigar suas plantações em um antigo perímetro implantado pelo DNOCS.
Na comunidade de Cana Bravinha, no distrito de Palestina, Albino Gonçalves Viana, 44 anos, vive a expectativa de ver o reservatório de Quixabinha voltar a operar com força total. Agricultor e presidente da Associação Comunitária dos Agricultores Rurais Cana Bravina, fundada por ele e seus irmãos em 2010, Albino representa cerca de 180 famílias que vivem entre Cana Bravinha e Cipó, duas comunidades que compartilham os mesmos desafios no acesso à água. “Hoje, a produção é pequena, só mesmo o que a gente consegue manter com poço, porque energia é cara e a estrutura é pouca. Se essa água chegar no açude de Quixabinha, vai ser nossa chance de voltar a produzir de verdade”, afirma.
Com os investimentos anunciados pelo Governo Federal e a inauguração dos novos sistemas de abastecimento, ele renova as esperanças de ver o canal do PISF abastecendo o Quixabinha e voltando a dar vida às plantações da região. “Esse era um sonho que já vinha desde o tempo do meu pai. Muitos achavam que isso nunca ia acontecer. Só que, graças a Deus e ao presidente Lula, saiu do papel. Hoje a gente está vendo com os próprios olhos. Muitos governantes no passado tinham condições de fazer, mas não tinham a vontade”, ressaltou.
Na zona urbana de Palestina, Maria Aldineide Pereira da Silva, 63, começa a sentir a tranquilidade de poder contar sempre com água em casa. “Antigamente não tinha água todo dia. Era dia sim, dia não, quando tinha. Palestina estava necessitando de um projeto como esse”, disse.
O PISF
A maior obra de infraestrutura hídrica do Brasil e da América Latina foi idealizada e iniciada no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com a meta de beneficiar 12 milhões de pessoas em 390 municípios e 294 comunidades rurais. O projeto foi oficialmente lançado em junho de 2007, após décadas de debates sobre a necessidade de levar as águas do “Velho Chico” para regiões historicamente castigadas pela escassez de água. Canais com água captada do Rio São Francisco correm por 477 quilômetros sertão adentro e já irrigam lavouras, abastecem casas, açudes e reservatórios em Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará.
Além desses grandes canais do PISF, outros projetos de segurança hídrica — como adutoras, ramais e reservatórios — estão espalhados pelos sertões da Bahia, Alagoas, Piauí e Maranhão, formando o que o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) chama de Caminho das Águas. Somando estudos e projetos em andamento, são mais de 70 ações, todas elas inscritas no Novo PAC.