Saiba um pouco mais sobre como é uma atividade do Cidadão Digital, da SaferNet
Era para ser uma atividade de 50 minutos do programa Cidadão Digital, da SaferNet e da Meta, sobre uso ético, seguro e responsável da internet, no Centro para Crianças e Adolescentes (CCA) Sítio da Casa Pintada, na região de São Miguel Paulista, na zona leste de São Paulo, mas o conteúdo apresentado pela embaixadora Julia Fernandes, de 18 anos, proporcionou também alguns minutos de sonho para cerca de 80 crianças e adolescentes que frequentam o local no contraturno da escola.
Os CCAs atendem crianças e adolescentes dos 6 anos aos 14 anos e 11 meses e são mantidos pela Secretaria de Desenvolvimento e Assistência Social. O do Sítio da Casa Pintada recebe 180 crianças, 90 em cada turno. “Muitas delas são crianças em situação de vulnerabilidade e algumas vêm com indicação de serviços de saúde mental, vara da infância, etc”, explica a gerente de serviço da unidade, Tayanne Araújo de Melo, da Moca, organização da sociedade civil que administra esse CCA.
O Cidadão Digital foi convidado para realizar uma atividade no CCA Sítio da Casa Pintada pela psicóloga Rosimeire Rossi Ramos, no âmbito do projeto Assistência Social Q-Previne. Um dos objetivos dos CCA é justamente fortalecer vínculos entre as crianças e adolescentes e melhorar a convivência deles com a família e outros jovens.
“A frequência no CCA é uma escolha da família e muitos pais nos procuram justamente para tirar as crianças, no tempo ocioso do contraturno, das ruas ou justamente das telas. Muitos são tímidos e se expressam mal e com o tempo observamos melhoras”, explica Tayanne.
O tempo de uso de telas foi justamente um dos temas abordados por Julia nas quatro atividades realizadas no CCA. Uma delas para crianças de 6 a 8 anos e três delas para adolescentes de 12 a 14 anos. As quatro atividades beneficiaram cerca de 80 frequentadores da unidade.
Na primeira turma da tarde, o debate sobre o uso excessivo de celular foi intenso e um adolescente contou que pega o celular depois que a mãe dorme e outros admitiram que não desligam mesmo depois de usar o aparelho, pois ficam pensando nas consequências de seus atos online.
Alguns jovens citaram que a família utiliza aplicativos de controle do tempo de uso do celular e outros admitiram soluções bem mais simples. “Se deu 10 horas e não estamos na cama, a mãe desliga a internet”, contou um aluno.
Quando o assunto foi cyberbullying, oito dos alunos disseram que já testemunharam bullying e dois admitiram que já pegaram pesado com amigos, mas que pediram desculpas. Na outra turma, dos 19 alunos, 14 admitiram já ter feito bullying.
O grupo também recebeu informações sobre como denunciar crimes na internet, como ajudar pessoas vivendo perigos na rede e a como registrar provas de assédio e outros crimes contra a intimidade.
Júlia também contou um pouco de sua experiência nas redes e seu trabalho no projeto Imprensa Jovem, que a levou a escolher uma futura carreira no jornalismo (ela conclui o ensino médio este ano).
Estes projetos chamaram a atenção da direção da SaferNet, que a convidou para participar do G20 Social, no Rio de Janeiro, e do Safer Internet Forum, em Bruxelas, nesse mês de novembro, e a fazer aulas de reforço de inglês pagas pela ONG para que ela pudesse apresentar conteúdos e participar dos debates no evento realizado pela União Europeia. Em novembro, ela foi confirmada como uma das novas embaixadoras do Cidadão Digital.
Em todas as quatro turmas de que participou Julia foi aplaudida pelas crianças e adolescentes quando contou que foi para a Europa representar jovens brasileiros. “Fala europeu, tia”, disse um menino. Outro perguntou se ela conheceu algum jogador de futebol.
Segundo Julia, ela pretende levar não apenas conteúdos sobre uso seguro e responsável da internet, mas também “mostrar que um outro futuro é possível” e que não devemos esquecer de onde viemos.
“A SaferNet nos permite fazer isso. A gente compartilha conhecimento, a gente compartilha esperança e a gente compartilha a nossa vida que tá sendo transformada dia após dia com as oportunidades que eles oferecem pra gente e para a juventude”, disse.
Durante a viagem à Bélgica, Julia fez questão de posar com uma faixa escrito “Jardim Marilu”, nome do bairro onde mora, no extremo da zona leste paulistana. E é assim, levando um pouco de si para o mundo que ela mostrou para crianças e adolescentes informações importantes sobre o uso da internet, mas também um pouco de esperança.
Sobre a SaferNet
A SaferNet existe desde 2005 e tornou-se a ONG brasileira de referência na promoção dos direitos humanos na internet. Com uma abordagem multissetorial, atua no combate a crimes cibernéticos contra os Direitos Humanos, no acolhimento de vítimas de violência online e em programas de educação, prevenção e conscientização. A SaferNet mantém a Central Nacional de Denúncias, conveniada ao Ministério Público Federal e o Canal de Ajuda, o Helpline, para vítimas de violência e outros problemas online. A SaferNet promove o uso seguro da internet com projetos educacionais como a Disciplina de Cidadania Digital e o programa Cidadão Digital.
Texto publicado em 26/11/2024
SaferNet Brasil
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