Os cristais de quartzo produzidos em Cristalina (GO) receberam o reconhecimento de Indicação Geográfica (IG) com a Indicação de Procedência (IP) pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). O produto é a 138ª IG nacional. “Foi uma conquista muito importante para nossos garimpeiros, artesãos e para a nossa cidade. Temos a maior reserva de cristal do mundo, mas ainda não tínhamos um documento que pudesse certificar de forma oficial. Agora, com a indicação de procedência da IG, podemos emitir o selo de origem do nosso Cristal”, comemora o vice-presidente da Associação dos Artesãos de Cristalina, William Souto.
A cidade foi oficialmente nomeada a Capital Goiana dos Cristais, em 2024. A lapidação dos cristais e o turismo relacionado correspondem a entre 5% e 10% do PIB do município, segundo o governo local. O mineral da região é diferenciado graças à variação do cristal, chamado de lemuriana. Ele é caracterizado por uma série de linhas, parecidas com códigos de barras. Segundo a coordenadora de Tecnologias Portadoras de Futuro do Sebrae, Hulda Giesbrecht, esse reconhecimento potencializa o reconhecimento da região. “Com a IG, Cristalina ganha reconhecimento nacional, podendo atrair mais interessados no produto e incentivando a região a investir na lapidação do cristal e em outras atividades relacionadas, como o turismo”, avalia.
Os bandeirantes paulistas encontraram, em 1797, uma serra com uma enorme quantidade de cristais de rocha de todos os tipos e tamanhos espalhados pelo chão. Como o intuito era encontrar ouro, o mineral da região não foi explorado. Em 1879, os franceses Etienne Lepesqueur e Léon Laboissière enviaram amostras de cristais para Paris, onde foram vendidas por bom preço. Devido à pureza e qualidade, os cristais foram transformados em instrumentos de ótica e peças de artesanato para enfeitar as casas da burguesia francesa.
A partir daí, trabalhadores e comerciantes formaram o Arraial de São Sebastião da Serra dos Cristais, elevado à categoria de município em 1917. Segundo a Associação dos Artesãos de Cristalina, a atividade de lapidação e comercialização dos cristais permitiu a criação do Mercado do Cristal, especializado na venda de itens produzidos na cidade. As Indicações Geográficas (IG) são ferramentas coletivas de valorização de produtos tradicionais vinculados a determinados territórios. Elas possuem duas funções principais: agregar valor ao produto e proteger a região produtora. O sistema de Indicações Geográficas promove os produtos e sua herança histórico-cultural, que é intransferível. Essa herança abrange vários aspectos relevantes: área de produção definida, tipicidade, autenticidade com que os produtos são desenvolvidos e a disciplina quanto ao método de produção, garantindo um padrão de qualidade. Tudo isso confere uma notoriedade exclusiva aos produtores da área delimitada.