O mar vermelho e branco tomou conta do quartel do 1º Batalhão de Bombeiros Militar (1º BBM), na Barroquinha, em Salvador, durante a tradicional homenagem a Santa Bárbara, realizada nesta quinta-feira (4). Desde as primeiras horas da manhã, a fé e a emoção conduziram os fiéis que lotaram o pátio da unidade para agradecer, celebrar e renovar devoções.
As festividades começaram às 8h, com uma missa campal que abriu a programação e reuniu centenas de pessoas. Logo depois, a procissão percorreu as ruas do Centro Histórico até chegar ao quartel, por volta das 10h, em um cortejo marcado por cantos, rezas e inúmeras demonstrações de fé. Ao meio-dia, foram distribuídas 1.500 quentinhas de caruru, gesto que reafirma a tradição que atravessa gerações. A celebração reforça o vínculo profundo entre o Corpo de Bombeiros Militar da Bahia e sua padroeira.
Cerca de 150 bombeiros militares atuaram na organização do evento, garantindo que todos os momentos ocorressem com segurança e acolhimento. Entre os instantes mais aguardados, o banho de água benta lançado pela Auto Escada Plataforma Aérea (AEPA) arrancou sorrisos, lágrimas e muitas mãos erguidas em agradecimento.
“Cada ano é uma emoção diferente. Venho desde criança e sempre sinto que Santa Bárbara me renova. Hoje, pedi proteção para minha família e para todos que trabalham arriscando a vida pelos outros, estar aqui é uma benção”, contou emocionada a devota Mariana Nóbrega.
Para o comandante-geral do CBMBA, coronel BM Aloisio Fernandes, manter essa tradição é um compromisso também com a história da corporação. “Com esse evento conseguimos manter viva a tradição de Santa Bárbara. Ela é nossa padroeira e tem uma história de luta, devoção e doação. Nós, bombeiros, também nos doamos e não medimos esforços para salvaguardar vidas e patrimônios. Pedimos que ela nos proteja diariamente, em todas as nossas atividades, principalmente as mais desafiadoras”, afirmou.
A relação dos bombeiros com Santa Bárbara tem raízes profundas. Décadas atrás, um incêndio atingiu o Mercado de Santa Bárbara, no Centro Histórico. Durante a tragédia, a imagem da santa foi retirada do local e levada para o quartel da Barroquinha, onde permaneceu até a restauração do imóvel. Naquele momento de tensão, muitos devotos pediram pela intercessão da santa para que os bombeiros conseguissem controlar o fogo e o pedido foi atendido.
Desde então, todos os anos, a imagem retorna ao quartel ao final da procissão, em um gesto de gratidão e reverência. A celebração deste ano reafirma essa história de proteção mútua e mantém vivo um dos momentos mais simbólicos para os bombeiros e para o povo baiano, que reconhecem em Santa Bárbara não apenas uma figura religiosa, mas um elo de coragem, tradição e esperança.
A história de Santa Bárbara
Santa Bárbara é conhecida mundialmente como a padroeira dos bombeiros e protetora contra tempestades, raios e explosões. Nascida no século III, Bárbara se converteu ao cristianismo em uma época em que a fé era duramente perseguida. Seu próprio pai, inconformado com sua devoção, a entregou às autoridades romanas, que a submeteram a torturas.
Mesmo diante do sofrimento, Santa Bárbara manteve sua fé inabalável. Segundo a tradição cristã, após sua execução, um raio teria atingido o pai, simbolizando a força divina que acompanha sua história. Sua imagem, associada à bravura diante da adversidade, inspira bombeiros em todo o mundo, que enxergam na santa um símbolo de proteção, coragem e resiliência, valores que também definem a missão de salvar vidas.



















