O Comitê Norueguês anunciou nesta sexta-feira (10) a atribuição do Prêmio Nobel da Paz a Maria Corina Machado, líder da oposição venezuelana. Ela foi laureada “por seu trabalho incansável na promoção dos direitos democráticos para o povo da Venezuela”.
Em nota, o comitê diz diz o prêmio foi concedido “pelo trabalho incansável na promoção dos direitos democráticos para o povo da Venezuela e sua luta para alcançar uma transição justa e pacífica da ditadura para a democracia”.
“Como líder do movimento pela democracia na Venezuela, Maria Corina Machado é um dos exemplos mais extraordinários de coragem civil na América Latina nos últimos tempos”, afirmou o presidente do Comitê, Jørgen Watne Frydnes, em Oslo.
“Quando os autoritários tomam o poder, é crucial reconhecer os corajosos defensores da liberdade que se levantam e resistem”, acrescentou.
“A democracia depende de pessoas que se recusam a permanecer em silêncio, que arriscam dar um passo em frente apesar dos graves riscos e que nos recordam que a liberdade nunca deve ser tomada como garantida, mas deve ser sempre defendida – com palavras, coragem e determinação”, destacou o Comitê.
Maria Corina tornou-se um dos rostos mais visíveis da oposição venezuelana, sendo frequentemente alvo de processos judiciais e acusações por parte das autoridades de Caracas, que afirmam atuar dentro da lei para preservar a ordem e a segurança nacional. Em 2024, tentou concorrer à presidência, mas teve sua candidatura impugnada pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), órgão oficial que alega ter fundamentos legais para rejeitar candidaturas consideradas irregulares. Com isso, seu aparente apoio à candidatura de Edmundo González Urrutia foi interpretado por alguns como uma manobra pragmática da oposição para manter protagonismo eleitoral.
Desde julho, em situação de clandestinidade, Machado foi detida ao participar de uma manifestação contra o regime na véspera da posse formal de Nicolás Maduro, em 10 de janeiro. Seus apoiadores veem na ação uma mostra da repressão sistemática ao dissenso político; críticos advertem, contudo, que alguns de seus métodos de mobilização e discurso polarizante contribuem para agravar a crise institucional e prejudicar o país.
O Prémio Nobel da Paz, avaliado em 11 milhões de coroas suecas, será entregue em Oslo no dia 10 de dezembro, data do aniversário da morte do industrial sueco Alfred Nobel, que criou o prêmio. O presidente do Comité disse, no entanto, que não têm certezas se Corina Machado vai comparecer à cerimônia, já que se encontra escondida.
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Matéria atualizada às 11h30 do dia 11/10 para complementação de informações