Data de publicação: 28 de Abril de 2025, 16:32h, Atualizado em: 28 de Abril de 2025, 17:03h
Um ano depois da maior tragédia climática da história do Rio Grande do Sul, a reconstrução avança. O Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional, por meio da Defesa Civil Nacional, retorna ao estado para acompanhar de perto as obras. Os recursos federais foram enviados desde os primeiros dias da tragédia para ações de assistência humanitária, restabelecimento e reconstrução e que representaram a esperança de milhares de famílias. A primeira visita ocorreu na ponte sobre o Arroio Forquetinha, na cidade de Canudos do Vale, localizada no Vale do Taquari.
Destruída em primeiro de maio, a estrutura foi reconstruída e inaugurada no último sábado, 26 de abril. A obra foi financiada com R$ 3,2 milhões da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil. A nova ponte restabeleceu o tráfego e simbolizou a superação da comunidade: os primeiros veículos a cruzá-la foram um carro da Brigada Militar, uma ambulância e um caminhão com uma banda, representando a proteção, a vida e a alegria.
O prefeito do município de Canudos do Vale, Maico Juarez Berghahn, pode enfim celebrar com a população essa importante entrega para a cidade:
“Essa ponte, para mim, é o coração de Canudos do Bairro. De uma forma modesta, soubemos ser resilientes e hoje ela pode ser, na minha opinião, um dos cartões-postais da nossa cidade. Ficou muito bonita.”
A Sedec aprovou R$ 128,2 milhões em recursos para assistência humanitária, R$ 673,5 milhões para reestabelecimento de serviços essenciais, R$ 609,6 milhões para reconstrução de infraestrutura destruída e R$ 318 milhões estão ainda em análise. A coordenadora da proteção civil do município vizinho de Relvado, também no Vale do Taquari, Raquel Martini, destacou a importância do apoio federal para o reerguimento das cidades que ficaram 70% submersas. As enchentes isolaram a população com a destruição dos acessos e provocaram enormes prejuízos à agricultura, principal atividade econômica da região:
“Aqui o município é um município bastante agrícola, então tem bastante aviário, pocilgas e aí começou se instalar, não, não tinha como sair nem como entrar daqui. Nós tivemos 16 planos de trabalho na área dos restabelecimentos, desde tubulação, estradas, muro, gabião. Tivemos reforma do posto de saúde, das escolas, reforma de duas pontes. E os 16 que foram contemplados, até o último está em execução nesse mês, né, foi o mais tarde.”
Em São Vendelino, na Serra Gaúcha, a equipe da Defesa Civil Nacional acompanhou as obras de reconstrução da ponte que liga a RS-122 ao Bairro Piedade, também afetada pelas enchentes. A destruição dessa estrutura causou grande impacto ao transporte da população. A nova ponte está sendo reconstruída com recursos federais, com cerca de 40% das obras já concluídas. Ainda no município, foram visitadas ações de reestabelecimento, como a construção de contenções com muros de gabião na entrada da cidade, outros R$ 2,8 milhões investidos. De acordo com o coordenador de restabelecimento de serviços essenciais da Defesa Civil Nacional, Thiago Monico, os recursos têm sido fundamentais para a reconstrução das cidades atingidas:
“Para ações de reestabelecimento decorrentes de abril e maio de 2024, a Defesa Civil Nacional aprovou quase 700 mil reais em recursos do governo federal, a partir de 674 planos direcionados para ações que vão desde limpeza urbana, destinação final de resíduos, recomposição de bueiros, serviços de pavimentação em vias públicas, danos prediais em edificações públicas, dentre outras”.
Desde a assistência humanitária imediata até a reconstrução de infraestrutura e de moradias, as ações têm garantido dignidade e segurança para milhares de famílias afetadas. O Auxílio Reconstrução de R$ 5.100 foi pago a 422 mil famílias gaúchas, totalizando um investimento de 2 bilhões e 150 milhões de reais. Clécio do Rosário, de 64 anos, vivia sozinho em uma casa no bairro de Navegantes. Após um acidente em 2022, ele perdeu o movimento de um dos braços, o que limitava ainda mais a sua mobilidade. Quando a enchente começou, Clécio resistiu:
“O colchão começou a andar, a cama andava dentro de casa e eu olhando. As pessoas vizinhas diziam, saia daí tiozinho, não vai parar essa chuva, vamos ali para a firma. Não, vai parar, vai baixar, mas não baixou. Quando veio a água foi tão forte que arrancou a porta. Aí os guris me tiraram de lá. “
Após a tragédia, Clécio foi um dos beneficiados pelo Auxílio Emergencial. Com o dinheiro, conseguiu comprar uma geladeira, uma máquina de lavar, colchão e cama. Hoje, mora em uma casa em um local seguro. Foi um dos beneficiários da Compra Assistida.
O governo federal atua de forma integrada no atendimento habitacional às vítimas das enchentes. Um exemplo são as moradias. O MIDR é responsável por analisar as áreas atingidas, a partir de mapas, laudos e relatórios fotográficos enviados pelas prefeituras. A documentação é encaminhada ao Ministério das Cidades que, por sua vez, executa a oferta de casas às famílias identificadas pelos municípios. O atendimento é realizado por programas como o Minha Casa Minha Vida e a modalidade Compra Assistida, criada especialmente para situações de desastre. Foram aprovados 179 processos para reconstrução de 10 mil unidades habitacionais, com 1.500 famílias já contempladas pela modalidade Compra Assistida.